Ela era uma mulher forte, daquelas que todo mundo se inspirava. Nada a abalava. Dissessem o que dissessem, ela nunca dava importância, sabia seu valor e não mudava seus valores e convicções por conta da desaprovação alheia. Uma muralha!
De noite, sozinha em casa, mal amada, ela deve chorar horrores, pensavam. Deve ter insônia, não é possível, uma mulher destas não pode ser feliz… Mas ela era.
Ao invés das crises de choro que todos a imaginavam tendo, ela sentava ao fim do dia, diante de uma mesa de jantar muito bem posta, com uma comidinha caprichada – que ela preparou enquanto ouvia seu cantor favorito no aparelho de som – e uma taça de vinho vagabundo – seu favorito mesmo não tendo nada de classudo.
A seu lado, não uma cadeira vazia, mas ocupada por um gato lindo… Não aqueles que a gente vê nos anúncios de roupas masculinas, mas aquele cheio de pelos e com um miado rouco, também sem glamour ou raça pomposa, mas que a avista com olhar apaixonado.
Posicionado como uma estátua ele a encara, com um olhar sereno que transmite paz. Para ela isso basta, a vida não precisa de grandes acontecimentos para ser bela e a felicidade não precisa de muito mais para se achegar.
O que os outros dizem sobre ela pouco importa, pensa neste instante, quantos podem se dar ao luxo de ter momentos como aquele? Se ela é uma fortaleza? Sim, ela é. Não pelo que os outros veem de postura profissional, não por parecer inabalável, mas porque ela está em sintonia consigo mesma.